O universo de John Wick é vasto — ruas iluminadas por neon, violência meticulosamente coreografada e assassinos que vivem à sombra de regras implacáveis. Mas Bailarina, primeiro spin-off da franquia, que estreia nesta quinta-feira (5), nos convida a respirar novos ares. Sob direção de Len Wiseman, o longa injeta fôlego à saga ao expandir sua mitologia e apresentar uma protagonista que mistura graciosidade e brutalidade com impacto.
Na trama, Eve (Ana de Armas) vê sua vida virar do avesso após o assassinato do pai. Ela encontra abrigo na Ruska Roma — uma organização que treina jovens tanto para dançar quanto para matar. A premissa é simples, mas sua força está na execução: a busca por vingança ganha outra dimensão na figura de Eve, cujo corpo se move entre a delicadeza do balé e a violência letal, numa dança marcada por dor e fúria.

Ana de Armas entrega uma performance crua e visceral, algo não visto desde os primeiros filmes da franquia, quando John Wick se impunha pelo silêncio e pelo olhar vazio. Ao contrário dele, Eve revela emoção. Ela sente, sangra e se enfurece — e é exatamente por isso que nos conectamos com ela. Sua tempestade não é silenciosa: é carne, suor e urgência. O filme acerta ao humanizar a protagonista, elevando o peso emocional da jornada.
Wiseman, conhecido por sua experiência com ação estilizada (Anjos da Noite), mantém a estrutura simples e eficiente, sem abrir mão das sequências explosivas. Os combates evitam repetições e surpreendem com criatividade, como na sequência em Praga, onde granadas de mão se tornam elementos coreográficos. Cada cena mostra domínio do gênero com espaço para inovação.

Esteticamente, Bailarina se afasta da obsessão pela hierarquia de A Mesa Principal — que saturou o quarto capítulo — para focar no essencial: a protagonista. O universo do Hotel Continental e da Ruska Roma está presente, mas em segundo plano, o que dá ao filme mais leveza e liberdade para contar sua própria história. O excesso de regras e convenções dá lugar a uma narrativa direta, envolvente e emocionalmente potente.
O que diferencia Bailarina de outros derivados de franquias de ação é seu frescor. O filme preserva a intensidade característica da saga John Wick, mas sem recorrer à repetição. Cada cena contribui para o universo, sem parecer um reaproveitamento de ideias. O resultado é uma experiência que respeita a origem, mas ousa ser algo novo.

A entrada de Bailarina no universo de John Wick não só cumpre as expectativas como as supera. Abre caminhos para novos personagens e histórias, sinalizando que o que parecia fechado ainda tem muito a oferecer. Em um cenário onde blockbusters de ação vivem da reciclagem de fórmulas, Bailarina oferece uma reinvenção eficaz e inesperada.
Conclusão
Com enredo ágil, estética marcante e uma protagonista que exala potência e vulnerabilidade, Bailarina é mais que um spin-off. É uma nova era para a franquia — mais estilosa, mais ousada, e ainda cheia de surpresas.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Len Wiseman;
Roteiro: Shay Hatten, Derek Kolstad;
Elenco: Ana de Armas, Keanu Reeves, Ian McShane, Anjelica Huston, Gabriel Byrne;
Gênero: Ação;
Duração: 125 minutos;
Distribuição: Paris Filmes;
Classificação indicativa: 18 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z