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Opinião

O Monte Etna em erupção: uma reflexão sobre a força da natureza e a resiliência humana

O Monte Etna, localizado entre as províncias de Messina e Catânia, é um dos vulcões mais monitorados do planeta

Redação Jornal de Brasília

04/06/2025 18h19

italy volcano eruption etna

Foto: Giuseppe Distefano / AFP

Por Renata Bueno*

Na manhã de 2 de junho, o Monte Etna, o vulcão mais ativo da Europa e um dos mais emblemáticos do mundo, entrou em erupção mais uma vez, lançando colunas de cinzas e lava que iluminaram o céu noturno da ilha da Sicília, no Mediterrâneo da Itália.

Com seus 3.403 metros de altitude, o Etna não é apenas uma maravilha geológica, mas também um símbolo da relação única entre o povo siciliano e a natureza. Como ítalo-brasileira que moro e trabalho na Itália, testemunhando a convivência entre comunidades locais e este gigante de fogo, compartilho aqui uma reflexão sobre o impacto dessas erupções e o que elas representam para a sociedade e a cultura da região.

O Monte Etna, localizado entre as províncias de Messina e Catânia, é um dos vulcões mais monitorados do planeta, graças ao trabalho incansável do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália (INGV).

Sua recente erupção, iniciada às 3h50 do horário local, foi marcada por tremores detectados desde a meia-noite, seguidos por uma impressionante emissão de lava e nuvens de fumaça que alcançaram o céu siciliano.

Apesar da intensidade, o evento teve periculosidade limitada ao cume, e os três fluxos de lava já começaram a esfriar, sinalizando o fim desta fase eruptiva.

Essa não é a primeira vez que o Etna desperta. Com registros de que ele entrou em erupção pelo menos 15 vezes somente em 2025, um número que reforça sua reputação como um dos vulcões mais ativos do mundo.

Suas erupções, embora frequentemente controladas, podem ser espetaculares, como as “cascatas de lava” observadas em julho de 2024, ou os raros “anéis de fumaça” que viralizaram nas redes sociais em abril do mesmo ano.

Contudo, o Etna é mais do que um fenômeno geológico; ele molda a identidade, a economia e a cultura da Sicília.

Como ex-parlamentar italiana, representando os cidadãos italianos residentes no exterior, tive a oportunidade de trabalhar em questões que conectam comunidades em diferentes continentes do mundo.

Na Sicília, o Etna é um exemplo de como a natureza influencia a vida cotidiana. Os solos vulcânicos ao redor do vulcão são extremamente férteis, sustentando vinhedos e hortas que alimentam a economia local.

A cidade de Catânia, aos pés do Etna, mantém uma relação de amor e respeito com o vulcão, que os moradores carinhosamente chamam de “mãe”.

Essa conexão é tão profunda que, mesmo diante de erupções históricas devastadoras, como a de 1669, que destruiu vilarejos e parte de Catânia, a população local permanece resiliente, vendo o Etna como parte de sua identidade.

No entanto, a convivência com um vulcão ativo também traz desafios. Erupções frequentes, como as de 2021 e 2023, geram impactos econômicos, como a interrupção temporária de voos no aeroporto de Catânia, além de preocupações com a segurança de turistas e moradores.

A erupção de 2025, por exemplo, levou turistas a correrem em busca de segurança, conforme registrado em vídeos nas mídias. Esses eventos reforçam a necessidade de políticas públicas eficazes para monitoramento, prevenção e resposta a desastres naturais.

Durante meu mandato no Parlamento italiano, defendi a importância de fortalecer os laços entre comunidades e governos para enfrentar desafios globais, e o Etna é um lembrete constante de que a natureza exige planejamento e cooperação.

Como advogada, também vejo o Etna como um convite à reflexão sobre a resiliência humana e a responsabilidade ambiental.

A Sicília, com sua história de convivência com o vulcão, ensina lições valiosas sobre adaptação e respeito pela natureza. A atividade vulcânica, embora impressionante, é um fenômeno natural que deve ser compreendido, não temido.

Investir em ciência, como o monitoramento contínuo do INGV, e em educação para preparar as comunidades locais é essencial para minimizar riscos e maximizar os benefícios que o Etna oferece, como o turismo e a agricultura.

O Monte Etna, com sua majestosa presença, é um símbolo da força da natureza e da capacidade humana de se adaptar e prosperar em meio a desafios.

Como ítalo-brasileira, vejo paralelos entre a resiliência siciliana e a determinação dos brasileiros, que também enfrentam adversidades com coragem e criatividade. Que o Etna continue a nos inspirar a buscar equilíbrio entre o respeito pela natureza e o progresso humano, unindo ciência, cultura e solidariedade para construir um futuro mais seguro e sustentável.

Renata Bueno é uma parlamentar ítalo-brasileira nascida em 1979 em Brasília, DF, Brasil. Conhecida por seu envolvimento na política e na defesa dos direitos dos descendentes de italianos no Brasil. Renata Bueno foi eleita deputada federal em 2010, sendo a primeira mulher eleita pelo Partido Socialista Italiano (PSI) fora da Itália. Sua atuação política tem sido focada em temas relacionados à cidadania italiana, imigração, e fortalecimento dos laços entre Brasil e Itália. Ela é presidente da Associação pela Cidadania Italiana no Brasil e tem trabalhado para facilitar o processo de reconhecimento da cidadania italiana para descendentes de italianos no país. Além de parlamentar, Renata é advogada e empresária, com o Instituto Cidadania Italiana e Mozzarellart.

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