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Opinião

Benefícios dos bioinsumos para a nutrição do solo

Os bioinsumos visam o equilíbrio da biodiversidade, melhoram os aspectos biológicos do solo e garantem melhor eficiência

Redação Jornal de Brasília

25/06/2024 11h56

Foto: Wenderson Araújo / CNA

Fernando Andreote e Alexandre Alves

Somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo e não há como pensar em segurança alimentar global sem falarmos do Brasil. Para garantir esse status de celeiro do planeta, é fundamental preservar a saúde do solo pensando na sua recuperação, conservação, e na chegada dos bioinsumos na agricultura; o que pode significar a nossa verdadeira independência no campo, conquistada com inovação tecnológica, sustentabilidade e competitividade para o agricultor.

Com a capacidade para ativar o potencial biológico da relação existente entre o solo, as plantas e o microbioma, os bioinsumos para bionutrição contribuem para o melhor desempenho da colheita, maior rendimento aos produtores rurais e aumento na distribuição de alimentos entre consumidores. Sua aplicação em diferentes culturas é, portanto, um caminho para a agricultura regenerativa, de forma a contribuir com a resiliência do campo frente às mudanças climáticas e com a segurança alimentar.

Os bioinsumos visam o equilíbrio da biodiversidade, melhoram os aspectos biológicos do solo e garantem melhor eficiência, disponibilidade de nutrientes e tolerância a estresses, provocados pelo ambiente, oferecendo um cenário mais propício para o bom desenvolvimento das plantas.

As culturas, por sua vez, ao receberem esses tipos de tratamentos acabam tendo seu desenvolvimento radicular potencializado, com maior atividade metabólica, menor perda por estresses climáticos, maior pegamento e formação de flores e estruturas produtivas. Todos esses benefícios acabam se refletindo em um maior potencial produtivo integrado à preservação do meio ambiente.

A demanda por fertilizantes com tecnologia biológica representa uma oportunidade para o Brasil se posicionar como inovador no desenvolvimento desse tipo de produto, com diferencial competitivo garantido por suas características geográficas e ambientais. Com a maior biodiversidade do mundo, temos potencial para ser o primeiro país a exportar bioinsumos globalmente – algo instigante diante da perspectiva de que as vendas de biológicos devem chegar a US$ 30 bilhões em 2029.

Ainda do ponto de vista do mercado global, estratégias que estimulem sua produção local também promoveriam, a médio e longo prazos, a autossuficiência do agronegócio nacional, diminuindo a dependência por importações de fertilizantes minerais. Além de melhorar a competitividade da agricultura brasileira, a bionutrição também pode auxiliar na redução de custos para o produtor rural, permitindo que ele tenha o as tecnologias de ponta.

Ações nessa direção estão alinhadas aos objetivos do Plano Nacional de Fertilizantes, como o de criar modelos de adesão da indústria às estratégias de sustentabilidade ambiental e social, e estimular o ambiente de inovação para produção de tecnologias de maneira competitiva e sustentável.

Iniciativas como a Mosaic Biosciences Brasil refletem a necessidade da inovação, ciência e regulação sobre o tema caminharem juntas, unindo expertises de estudos realizados no exterior e localmente, norteados pelos pilares de gerenciamento do estresse hídrico, eficiência de uso de nutrientes e manejo de ativação fisiológica, oferecendo produtos que contêm, em sua formulação, microrganismos e compostos naturais – expressando um verdadeiro progresso da ciência aliada do meio ambiente a ser aplicada no desenvolvimento do mercado agrícola brasileiro.

Vale esclarecer que a aposta em fertilizantes com tecnologia biológica não significa impor restrições à fertilizantes de base mineral, que por sua vez também já têm seus benefícios comprovados em relação a ganhos de produtividade aliados à promoção da saúde do solo. Aplicados de forma correta e na hora certa, ambos são capazes de potencializar ainda mais a produção agrícola nacional. Os biofertilizantes possuem múltiplas funções, já citadas neste artigo, e podem ser aplicados usando os mesmos processos dos fertilizantes minerais.

Pesquisas com fertilizantes com tecnologia biológica realizadas pela Mosaic avançam com rapidez e proporcionam cada vez mais segurança para os produtores rurais na hora de investir. Os estudos científicos demonstram um aumento de 10% a 15% na produtividade da soja com o uso de produtos de bionutrição focados em sistemas conservacionistas de solo. No caso do milho, o manejo que incrementa a biodiversidade de microrganismos pode aumentar a produtividade em até 25%.

O uso integrado dos biológicos com os fertilizantes minerais funciona como uma tecnologia que amplia a qualidade do solo e a produtividade das culturas. Trata-se de uma solução que pode favorecer até a recuperação de áreas degradadas, ampliando a disponibilidade de terras produtivas – sem que haja desmatamento e estimulando os processos regenerativos na agricultura. É preciso restaurar e fortalecer os recursos naturais criando sistemas agrícolas equilibrados e que possam se adaptar as mudanças do clima.

Sabemos que são muitos os desafios para a produção de alimentos, porém a proteção da saúde do nosso solo deve ser vista como prioridade. Um ponto estratégico para o desenvolvimento do agro brasileiro.
 
Fernando Andreote é professor de Biologia do Solo da ESALQ/USP e Alexandre Alves, Diretor da Mosaic Biosciences Brasil.

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