Lideranças estratégicas de diversos setores se reuniram na última terça-feira, no restaurante Nau Frutos do Mar, para o CEO Fórum 2025 – edição Brasília, um dos principais eventos promovidos pela Amcham Brasil. Com foco em conteúdo de alto nível, o encontro teve como objetivo capacitar líderes para os desafios do futuro e fomentar conexões relevantes entre profissionais de destaque no ambiente corporativo.
O cenário atual do mercado evidenciou que a atuação de um CEO vai muito além das habilidades técnicas e obrigações internas. Presente ao evento, o diretor de Clientes da Amcham Brasil, Rafael Dantas, explicou ao Jornal de Brasília que o Fórum é o maior evento promovido pela entidade em suas unidades regionais, reunindo executivos das empresas associadas para troca de experiências práticas. “É o nosso maior evento. Reunimos os principais executivos e ativos das empresas associadas para compartilhar insights e cases, além de promover conexões em torno de uma temática estratégica que percorre o Brasil”, afirmou.

Com o tema “Alta Performance e Produtividade”, a edição 2025 refletiu sobre a necessidade de tornar as empresas mais competitivas diante das rápidas transformações globais. “As organizações precisam aumentar sua produtividade para garantir perenidade nos próximos anos”, destacou Dantas. Para ele, a busca por competitividade a por uma análise interna das empresas e pelo enfrentamento dos desafios do mercado com inteligência e inovação.
Entre os convidados, Carlos Canedo, diretor de Negócios da Sicredi Planalto Central, ressaltou a importância do evento como espaço de atualização e networking. “Estou muito feliz de participar deste evento tão relevante para o meio empresarial e de alta gestão do Brasil”, disse. Ele acredita que os temas debatidos são estratégicos e podem abrir portas para novas parcerias: “Espero me conectar com pessoas que façam sentido para o Sicredi e construir parcerias de sucesso”.
Segundo Canedo, encontros como esse também inspiram uma liderança mais humanizada e adaptada ao presente. Ele defende que o sucesso das empresas está cada vez mais vinculado ao alinhamento entre o propósito institucional e o dos colaboradores.
Teoria das Restrições e excelência nos negócios

O Fórum contou com quatro palestrantes, entre eles Rami Goldratt, CEO da Goldratt Consulting e referência mundial na Teoria das Restrições (TOC, na sigla em inglês). Em sua palestra “Applying the Theory of Constraints for Business Excellence” (“Aplicando a Teoria das Restrições para Excelência Empresarial”), com tradução simultânea, Rami explicou como a metodologia pode ser aplicada não apenas na indústria, mas também em áreas como marketing e educação. “A essência dessa abordagem é o foco”, disse, citando empresas como Delta Airlines, Amazon e Alibaba como casos de sucesso.
Em entrevista ao JBr, Rami falou sobre os desafios da aplicação da TOC no Brasil e defendeu que resultados transformadores exigem mudanças reais. “Não se consegue resultados transformadores sem nenhuma mudança”, afirmou. Citando seu pai, Eliyahu Goldratt, criador da metodologia, lembrou: “Toda melhoria é uma mudança, mas nem toda mudança é uma melhoria”. O primeiro o, segundo ele, é entender o que precisa ser mudado antes de agir.
Sobre a relação entre cultura organizacional e expertise técnica, Rami destacou que a cultura não deve ser o ponto de partida. “É verdade que a cultura vem primeiro, mas, para promover mudanças relevantes, é preciso entender o que deve ser alterado na tática ou na estratégia da empresa”, explicou. Para ele, é essencial ter clareza do objetivo e identificar o que está impedindo a empresa de avançar.
O futuro das lideranças

A CEO da Rocha Farma Brasil, Lorice Scalise, também palestrou no evento e falou ao JBr sobre as mudanças impostas pela pandemia. Para ela, a escuta ativa e a capacidade de adaptação se tornaram competências centrais na liderança contemporânea. “A pandemia nos mostrou que somos muito mais flexíveis e rápidos do que imaginávamos. Conseguimos nos adaptar e superar adversidades”, afirmou. Lorice defende que essas características precisam estar presentes na cultura de liderança para impulsionar transformações nas empresas.
Em sua palestra “Alta Performance e Progresso com Propósito: Construindo o Futuro que Queremos”, Scalise abordou o avanço da liderança com propósito nas organizações. Para ela, esse já é um movimento concreto em muitos contextos, impulsionado principalmente pelas novas gerações. “Hoje convivemos com quatro gerações nas empresas, e as mais jovens trabalham por propósito. Para alcançar o sucesso, precisamos de uma liderança conectada com esses valores”, reforçou. Segundo ela, os profissionais precisam sentir que fazem parte de algo maior.
Ferramentas de liderança
Alessandra Dabul, presidente do Conselho da Amcham Paraná, participou como palestrante e mediadora de um . Ao JBr, destacou a importância de integrar inteligência artificial, sustentabilidade e estratégia. Sua palestra teve como tema “IA e Sustentabilidade: Duas Forças Estratégicas para Liderar o Futuro em 2025”. Para ela, um dos principais desafios das empresas brasileiras é incorporar a sustentabilidade à estratégia principal do negócio. “Precisamos permear a sustentabilidade em toda a estratégia, e não isolá-la como uma área específica dentro da organização”, afirmou. Ela acredita que unir os pilares econômico, social e ambiental é essencial para avançar com consistência. “Quando entendemos que o negócio é um só, conseguimos deslanchar com mais facilidade”, completou.
Investidora-anjo, Alessandra contou que se interessa por soluções voltadas a problemas reais, como crises climáticas e eficiência de recursos. Também observa o perfil do empreendedor: “A resiliência, a capacidade de adaptação e de ajustar o negócio à realidade são fatores decisivos”. Ela concluiu destacando que, apesar do avanço tecnológico, a humanidade ainda é o principal ativo das lideranças. “Temos ferramentas de inovação e IA, mas ainda somos nós que estamos no comando — e assim continuará sendo”.
Capacitação e desenvolvimento

A CEO da Espaço Laser, Magali Leite, também participou como palestrante e conversou com o JBr sobre a transformação do papel da liderança diante das novas exigências do mercado. Especialista em profissionalização de empresas familiares e governança corporativa, Magali destacou que inovação e disrupção digital são fatores cruciais para a sobrevivência dos negócios. “Hoje, os concorrentes das grandes empresas não são mais os óbvios. Eles vêm de mercados diferentes e com propostas disruptivas”, alertou.
Na palestra “O novo perfil do líder: inteligência emocional, digital e estratégica na era da transformação”, Magali falou sobre a importância de alinhar história, estratégia e capacitação contínua. “Continuar na zona de conforto não é mais uma opção viável para manter a empresa competitiva”, afirmou. Para ela, é indispensável investir no desenvolvimento de pessoas: “É preciso treinar e capacitar continuamente os profissionais para que acompanhem a evolução do negócio e contribuam para seu crescimento”.