A Seleção Brasileira garantiu, com duas rodadas de antecedência, sua vaga na Copa do Mundo de 2026. A classificação antecipada poderia ser, em tempos normais, motivo de grande celebração. Mas, desta vez, o fato evidencia a fragilidade do sistema de eliminatórias, adaptado para o novo e inflado formato de 48 seleções que a FIFA implantará no próximo Mundial.
O Brasil, mesmo fazendo a sua pior campanha na história das Eliminatórias — com um aproveitamento de apenas 52% e já acumulando um recorde de cinco derrotas — garantiu a vaga sem maiores dificuldades. Trata-se de um claro contrassenso: a Seleção vive um de seus piores momentos em termos de resultados na fase classificatória, mas mesmo assim se qualifica com folga. Se por um lado isso alivia a pressão, por outro lança dúvidas sobre o nível de exigência desse modelo que praticamente transforma o processo eliminatório sul-americano em uma formalidade.
Mas, por ora, a torcida brasileira prefere, com razão, curtir o momento. Principalmente porque a vitória sobre o Paraguai marcou o início prático da “era Ancelotti”, e já se percebe que a Seleção mudou.
Ancelotti, que festejou 66 anos nesta terça-feira e foi homenageado nas arquibancadas com um mosaico com os dizeres “Parabéns Carletto”, tem pouco mais de dez dias de trabalho efetivo com o grupo, mas conseguiu promover uma transformação visível no comportamento do time. São cinco mudanças que já saltam aos olhos:
1. Defesa sólida e compacta
O Brasil ou a ser um time que sabe se defender, com uma linha compacta e posicionamento seguro. Aquela vulnerabilidade que gerou derrotas como o 4 a 1 para a Argentina não se repetiria neste novo modelo defensivo, que fecha os espaços e dá menos brechas ao adversário.
2. Ofensividade com ajustes táticos
Com as mudanças na escalação — como a entrada de Matheus Cunha no lugar de Richarlison , Martinelli no lugar de Gerson, e de Raphiinha no lugar de Estevão — o time ganhou mais volume ofensivo. Contra o Paraguai, criou mais oportunidades do que vinha conseguindo em partidas recentes.
3. Mentalidade agressiva após abrir o placar
Ao contrário do que ocorria sob o comando de Fernando Diniz e Dorival Júnior, o Brasil não recuou após abrir o marcador. Manteve o ritmo e tentou ampliar, sem se acovardar ou entregar o controle do jogo ao adversário.
4. Disputa intensa pela posse de bola
Um comportamento notável foi a combatividade da equipe nas divididas. Vinícius Júnior, por exemplo, chegou a levar cartão amarelo por voltar para ajudar na marcação, algo incomum em sua trajetória recente. Matheus Cunha também se destacou no apoio defensivo. A entrega do time em cada disputa foi visível e elogiável.
5. Recuperação da confiança
Talvez o aspecto mais relevante: o Brasil reencontrou a confiança. Os jogadores vibraram em campo, correram com intensidade, acreditaram nas jogadas e mostraram uma energia que parecia perdida. É uma Seleção que voltou a acreditar em si mesma.
Por ora, o Brasil respira aliviado com a vaga assegurada. A festa da torcida nas arquibancadas e os recordes recentes de público e audiência comprovam que o torcedor, carente de boas notícias, está disposto a embarcar no projeto de Ancelotti.